terça-feira, 2 de maio de 2017

A Primeira Rosa de Santa Teresinha




A PRIMEIRA ROSA DE SANTA TERESINHA
A CELESTE SEMEADORA DE ROSAS
desceu à Ilha da Madeira, no próprio dia da sua morte

          Enquanto um coro possante de vozes, no cinquentenário da morte de Santa Teresinha, invocava e aclamava, em Lisboa, a Padroeira de Portugal Missionário, a evocação da sua morte, trazia-nos à lembrança um episódio enternecedor da sua legenda maravilhosa, demonstrativo da sua predileção pela terra querida de Portugal, para o exercício da sua missão providencial.
          Na noite do próprio dia em que, há 50 anos, se finara, no Mos­teiro do Carmelo, Teresinha desceu, decerto pela primeira vez depois da morte, à terra abençoada de Portugal. Ao apelo da Madre Vir­gínia da Paixão, das Capuchinhas de Nossa Senhora das Mercês, do Funchal, desceu a Santinha à terra florida da Madeira, açafate de rosas, embalado pela vagas rendilhadas de espuma do Atlântico.
          Esta religiosa, falecida, no Funchal, há anos, em odor de santidade, padecia de gravíssima moléstia no peito. A delicadeza da sua cons­ciência, num requinte de pudor, trazia-lhe o coração inquieto e hesi­tante em se submeter à inspeção dos médicos. No dia 30 de Setembro de 1897, voltando-se para Deus, disse: – Senhor, a alma, que hoje entrar no Céu, mandai-ma, para me tirar de tão aflitiva indecisão.
          Uma freira sorridente, com hábito de carmelita, apareceu-lhe, então, na noite do memorável dia 30, e aconselhou-a a submeter-se à operação. Feita a operação, com êxito surpreendente, voltou a aparecer-lhe a risonha carmelita e fez-lhe o penso, com tal perícia, que o médico ficou pasmado, ao tirá-lo, quando verificou a rapidez da cica­trização e a perfeição do penso, inverosímil em mãos humanas.
          Só ao cabo de alguns anos, conseguiu apurar o nome e identidade desta carmelita, tão singular por andar fora da clausura, em serviço de enfermeira e taumaturga. Passados anos, em face de retrato autêntico, com o nome e data da morte de Soror Teresa do Menino Jesus, acabado de chegar ao Funchal, reconheceu a piedosa capuchinha, deliciosamente surpreendida, que a carmelita incógnita, que lhe servira de enfermeira, com mão delicada a curara e lhe aparecera, pela primeira vez, em 30 de Setembro de 1897, tinha sido a própria Santa Teresinha que, pouco depois de voar ao Céu, se deu pressa a descer à terra sagrada de Portugal, para iniciar a sua missão de bem-fazer, desfolhando, sobre a capuchinha padecente, as perfumadas rosas do milagre.
          No quinquagésimo aniversário da sua entrada triunfal no Céu e da sua descida maravilhosa à terra lusitana, bem merecia, pois, a gentilíssima Santinha que, em Lisboa, cabeça do Império, solar prin­cipesco de missionários e navegadores, berço de heróis e santos, se levantasse, sob as abóbadas do grandioso templo das Mercês, o con­certo imponente de louvores, o coral vibrante de aclamações com que se fechou, em Portugal, o ciclo das festas do Ano Jubilar Teresiano.  
Fonte: revista Rosas de Santa Teresinha, 1947, p. 8.
(Publicação dirigida pelo Pe. Marques Soares) 

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