terça-feira, 16 de maio de 2017

Primeiro Milagre de Santa Teresinha na Madeira no dia de sua morte

          Ao cair da tarde do dia 30 de Setembro de 1897, a florzinha branca do Carmelo escuta a Voz do Senhor da Vida e da Morte, pronto a “romper a teia deste doce encon­tro”, na expressão feliz da poesia mística de S. João da Cruz, em Chama viva de Amor.
          Perto da janela da enfermaria, o canto alegre e pertinente de um passarinho aumenta a tristeza das Irmãs Martin, também carmelitas, que velam junto do benjamim da família – a Ir. Teresinha do Meni­no Jesus e da Santa Face. No limi­ar da eternidade, lança à sua prioresa, Madre Gonzaga, um derradeiro olhar, humilde e supli­cante: “Apresente-me depressa à Santíssima Virgem, eu sou um bebé que não pode mais!... Prepare-me para morrer bem...” (Últi­mos Conselhos e Recordações). No meio de indizíveis sofrimentos físi­cos e espirituais, irrompe dos seus lábios moribundos um grito de amor: “Não me arrependo de me ter entregue ao Amor. Meu Deus, eu amo-Vos. Oh! Amo-Vos!” (Caderno Amarelo).
          Pouco depois, com o rosto trans­figurado e iluminado por inexplicá­vel luz celeste, falecia santamente. Tinha 24 anos de idade e nove de vida consagrada na Ordem de Nos­sa Senhora do Carmo.
          O seu belo sorriso e a novidade da espiritualidade da infância, nar­rada na sua autobiografia – Histó­ria de uma Alma – depressa con­quistaram o mundo. Mas, em 1897, era ainda muito pouco conhecida fora dos muros do seu Carmelo.

A força da oração, uma chuva de rosas
 
         Decorria o ano de 1897. A Irmã Virgínia da Paixão, a humilde reli­giosa clarissa do Mosteiro de Nos­sa Senhora das Mercês no Funchal, encontrava-se gravemente doente, devido a uma queda nas escadas. Esta enfermidade fazia-a sofrer imenso, não só pelas dores físicas, mas pela relutância que experimen­tava em deixar-se examinar pelo médico. Com a força das dores não conseguia conciliar o sono. Na noi­te de 30 de Setembro, sentindo au­mentar os sofrimentos, pediu ao Senhor que a curasse por interces­são da primeira alma que entrasse naquele momento no Paraíso. A resposta do céu não se fez esperar. Narra-nos a Madre Virgínia nos seus escritos: “Senti uma mão invi­sível que me tocava e vi junto do meu leito uma religiosa vestida de hábito pardo, manto branco e véu preto na cabeça. Conheci que não era a nossa enfermeira. Era manhã, mas ainda fazia escuro, e reconhe­ci à luz bruxuleante da lâmpada, que era uma religiosa nova e muito formosa. Referiu que Jesus, respon­dendo à minha súplica, a tinha en­viado para lhe dizer ser Sua vonta­de me submetesse ao exame clínico prescrito e me deixasse tratar. Ela seria a minha fiel enfermeira. Perguntei-lhe quem era. Por fim, sor­riu e disse: eu sou uma religiosa carmelita, chamada Teresa do Me­nino Jesus e da Santa Face, que acabo a vida mortal e entro já no Paraíso. Recomendou-me segredo até ao tempo que aprouvesse ao di­vino Senhor revelar (o milagre) e desapareceu” (Apontamento Bio­gráfico do Padre João Prudêncio da Costa).
          A Madre Virgínia relata que o médico fez a intervenção cirúrgica conveniente e que Santa Teresinha do Menino Jesus foi a sua fiel e de­dicada enfermeira, tirando-lhe to­das as dores. “Fiquei perfeitamente boa. Fui curada milagrosamente. Isto deu-se no dia 30 de Setembro para 1 de Outubro de 1897. No dia 4, festa do meu Pai S. Francisco, já pude tomar parte nas funções da comunidade”. Clinicamente era inexplicável como em tão pouco tempo se realizou a prodigiosa cu­ra. Mistérios de Deus: nesse mes­mo dia, em Lisieux, realizava-se o funeral de Santa Teresinha do Me­nino Jesus e da Santa Face.

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