O dia de sua primeira comunhão, muito esperada por Santa
Teresinha, aconteceu aos 12 anos e foi uma grande festa em seu coração. Um
certo dia, Leônia deu para Celina e Teresinha uma caixa cheia de bugigangas
suas, para que cada uma escolhesse alguma coisa. Celina logo tirou um
objeto.Teresinha então puxando a caixa perto de si, disse: "ESCOLHO
TUDO!" Essa seria uma marca em sua espiritualidade: OU TUDO OU NADA! Nesta
época ela adquiriu também a doença dos escrúpulos, que a fez sofrer e que em
muito atrapalhou a sua vida espiritual.
Santa Teresinha teve a cura dos escrúpulos e de sua
hipersensibilidade no Natal de 1886, o dia de sua "conversão
completa", quando tinha quase 14 anos. Apesar de já ser uma adolescente ainda colocava presentes nos sapatos junto à lareira, uma tradição
para as crianças da Europa na época do Natal.
Sem saber de sua presença na sala, naquela noite natalina, seu pai
comentou já enfastiado, que estava satisfeito porque aquele seria o último ano
em que ela faria aquilo. Para Teresa foi um choque ouvir sobre isso de seu amado pai,
seu "rei", como costumava dizer. Mas, nesse momento acabou tendo uma reação
surpreendente, um momento de cura e de conversão de fato. Diz ela que o Bom
Deus operou um pequeno milagre para fazê-la crescer de uma só vez, e desta
forma, transformar a menina mimada e sensível numa pessoa forte e corajosa.
Nesta noite de Natal Teresa identifica o início do terceiro
período de sua vida, o mais belo de todos e o mais repleto de graças do céu. A
partir daí, passou a sentir de forma imediatamente intensa o desejo de
trabalhar pela conversão dos pecadores, de ser pescadora de almas.
No ano seguinte (1887), ocorre um episódio marcante para a
espiritualidade de Teresa. O assassino Henrique Pranzini, que havia tirado a
vida de duas mulheres e uma criança em Paris, fora condenado à morte. Nos meses
de julho e agosto Teresa rezou intensamente pela salvação da alma do criminoso,
que não demonstrava remorso, e pediu a Nosso Senhor um sinal de arrependimento
do assassino.
No fim de agosto, leu exultante nos jornais que no momento em que
o pescoço de Pranzini foi colocado na guilhotina, ele agarrou um crucifixo que
lhe dera um sacerdote e beijou três vezes as sagradas chagas. Era o sinal que
ela havia pedido e que indicava a aprovação divina de seu desejo de ser
pescadora de almas. Teresinha considerou Pranzini o seu "primeiro
filho", ela que, mais tarde, já no Carmelo, diria a Nosso Senhor:
"vós o sabeis, não tenho outros tesouros senão as almas que vos
aprouvestes unir à minha."