sexta-feira, 21 de abril de 2017

Oração a Santa Teresinha



Oração a Santa Teresinha 

Ó Santa Teresinha do Menino Jesus, branca e mimosa flor de Jesus e de Maria que embalsamais o Carmelo e o mundo inteiro com vosso suave perfume, atrai-nos e convosco correremos em seguimento de Jesus, nosso Deus e único bem, no caminho da renúncia, do amor e do abandono.
Ò Santa Teresinha, fazei-nos simples e dóceis, humildes e confiantes para com nosso Pai do céu. Ah! Não permitais que ofendamos pelo pecado, que O contristemos pela desconfiança! Assisti-nos em todos os perigos e necessidade; socorrei-nos em todas as aflições; alcançai-nos todas as graças espirituais e temporais, particularmente (...), valei-nos na vida e na morte.
Ó Santa Teresinha lembrai-vos que prometestes passar o vosso céu fazendo o bem na terra, sem descanso até ver completo o número de eleitos. Ah! Cumpri em vós nossa promessa: sede nosso anjo protetor na travessia desta vida e não descanseis até que nos vejais no céu cantando ao vosso lado eternamente as ternuras do amor misericordioso do coração de Jesus. Amém.
(Pai-nosso, Ave-Maria, Glória-ao-Pai).

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Os Escritos de Santa Teresinha

Primeira Comunhão
Na véspera do grande dia, recebi a absolvição pela segunda vez. A minha confissão geral deixou-me uma grande paz na alma, e Deus não permitiu que a mais ligeira nuvem a viesse perturbar. De tarde pedi perdão a toda a família, que me veio visitar; mas não pude falar senão com as minhas lágrimas, pois estava emocionada demais[…]
Chegou finalmente o mais belo dos dias! Que inefáveis recordações deixaram na minha alma os mais pequenos pormenores desse dia do Céu!… O alegre despertar da aurora, os beijos respeitosos e ternos das mestras e das companheiras mais velhas…; o salão cheio de flocos de neve com que cada menina era vestida…; e sobretudo a entrada para a capela e o cantomatinal da linda canção: «Ó Altar santo que os Anjos rodeiam!»
Mas não quero entrar em pormenores. Há coisas que perdem o seu perfume quando expostas ao ar; há pensamentos da alma que não se podem traduzir em linguagem da terra sem perderem o sentido íntimo e celeste; são como aquela «Pedra branca que será dada ao vencedor, sobre a qual está escrito um nome que ninguém conhece, a não ser aquele que a recebe». Ah! como foi doce o primeiro beijo de Jesus à minha alma!…
Foi um beijo de amor. Sentia-me amada e dizia por minha vez: «Eu amo-Vos! Dou-me a Vós para sempre!» Não houve pedidos, nem lutas, nem sacrifícios. Desde há muito, Jesus e a pobre Teresinha tinham-se olhado e tinham-se compreendido… Nesse dia já não era um olhar, mas uma fusão, já não eramdois: a Teresa desaparecera como a gota de água que se perde no oceano. Só ficava Jesus, como dono, como Rei.
(História de uma Alma, Ms A 34v-35rº)

Um Caminhito Completamente Novo
Bem sabeis, minha Madre, que sempre desejei ser santa.
Mas, ai de mim! sempre verifiquei, ao comparar-me com os Santos, que há entre eles e eu a mesma diferença que existe entre uma montanha, cujo cume se perde nos céus, e o obscuro grão de areia  pisado pelos pés dos caminhantes. Em vez de desanimar, disse para comigo: Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis. Posso, portanto, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade. Fazer-me crescer a mim mesma é impossível; tenho de suportar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeições. Mas quero procurar a maneira de ir para o Céu por um caminhito muito direito, muito curto; um caminhito completamente novo.
(História de uma Alma, Ms C 2vº)
Se alguém for pequenino…
Estamos num século de invenções.
Agora já não se tem a maçada de subir os degraus de uma escada; em casa dos ricos o ascensor substitui-a vantajosamente. Eu queria também encontrar um ascensor que me elevasse até Jesus, porque sou demasiado pequena para subir a rude escada da perfeição. Então, procurei nos Livros Sagrados a indicação do ascensor — objecto do meu desejo —, e li as estas palavras saídas da boca da Sabedoria eterna: Se alguém for pequenino, venha a mim.
Então, aproximei-me, adivinhando que tinha encontrado o que procurava, e querendo saber, ó meu Deus!, o que faríeis ao pequenino que respondesse ao vosso apelo. Continuei as minhas buscas, e eis o que encontrei: — Como uma mãe acaricia o seu filho, assim eu vos consolarei; levar-vos-ei ao colo e embalar-vos-ei nos meus joelhos! Ah!, nunca palavras tão ternas e tão melodiosas me vieram alegrar a alma.
O ascensor que me há-de elevar até ao Céu, são os vossos braços, ó Jesus! Para isso não tenho necessidade de crescer; pelo contrário, é preciso que eu permaneça pequena, e que me torne cada vez mais pequena. Ó meu Deus! excedestes a minha esperança, e eu quero cantar as vossas misericórdias.
(História de uma Alma, Ms C 3rº)
Boa Vontade
Tu fazes-me pensar numa criancinha que começa a erguer-se de pé, mas que ainda não sabe caminhar. Querendo a todo o custo subir ao alto duma escada para estar com a sua mamã, levanta o pézito para subir o primeiro degrau. Mas é um esforço inútil! Cai uma e outra vez, sem chegar a avançar. Muito bem: aceita ser essa criança. Pela prática de todas as virtudes, levanta sempre o teu pézito para subires a escada da santidade. Não conseguirás subir o primeiro degrau sequer. Mas o que Deus apenas te pede é a tua boa vontade. Do alto da escada Ele olha-te com amor. Rapidamente vencido pelos teus inúteis esforços, Ele-mesmo baixará e tomando-te nos seus braços, levar-te-á para sempre para o seu reino, onde jamais te afastarás dEle. Mas se não chegares a levantar o teu pézito Ele deixar-te-á muito tempo na terra.
(Caderno Vermelho, escrito pela Irmã Maria da Trindade)
Desejo ser Santa
Ó meu Deus! Trindade Bem-aventurada!
Desejo amar-Vos e fazer‑Vos amar, trabalhar pela glorificação da Santa Igreja, salvando as almas que estão na terra, e libertando as que estão no Purgatório. Desejo cumprir plenamente a vossa vontade, e chegar ao grau de glória que me preparastes no vosso Reino; numa palavra, desejo ser santa. Mas conheço a minha impotência, e peço-Vos, ó meu Deus, que sejais Vós mesmo a minha Santidade.
Já que Vós me amastes até me dardes o vosso Filho único para ser o meu Salvador e o meu Esposo, os tesouros infinitos dos seus méritos são meus: ofereço-Vo-los com alegria, suplicando-Vos que não olheis para mim senão através da Face de Jesus e no seu Coração ardente de Amor.
(Oração 6: 1-2)

O Pequeno Passarinho
O passarinho quereria voar para o Sol brilhante que lhe fascina o olhar;
quereria imitar as Águias, suas irmãs, que vê elevarem-se até ao fogo divino da Santíssima Trindade… Pobre dele! tudo quanto pode fazer é agitar as suas pequenas asas; mas levantar voo, isso não está no seu pequeno poder! Que será dele? Morrerá de desgosto, ao ver-se impotente?… Oh, não! o passarinho nem sequer se vai afligir. Com um audacioso abandono, quer ficar a fixar o seu divino Sol. Nada seria capaz de o assustar, nem o vento nem a chuva; e se nuvens sombrias chegam a esconder o Astro do Amor, o passarinho não muda de lugar, pois sabe que para além das nuvens o seu Sol brilha sempre, e que o seu brilho não se poderia eclipsar nem por um instante sequer.
É verdade que às vezes  o coração do passarinho se vê acometido pela tempestade; parece-lhe não acreditar que existe outra coisa, a não ser as nuvens que o envolvem. É então o momento da alegria perfeita para a pobre e débil criaturinha. Que felicidade para ela, permanecer ali, apesar de tudo, e fixar a luz invisível que se esconde à sua fé!!!…
Jesus, até agora compreendo o teu amor para com o passarinho pois ele não se afasta de Ti. Mas eu sei, e Tu também o sabes, muitas vezes a imperfeita criaturinha, ficando embora no seu lugar (isto é, sob os raios do Sol), deixa‑se distrair um pouco da sua única ocupação; apanha um grãozito à direita e à esquerda, corre atrás de um vermezito… Depois, encontrando uma pocita de água, molha as penas ainda mal formadas; quando vê uma flor que lhe agrada o seu espírito entretém-se com essa flor… Enfim! não podendo pairar como as Águias, o pobre passarinho entretém-se ainda com as bagatelas da terra. Não obstante, depois de todas as suas travessuras, em vez de se ir esconder num canto para chorar a sua miséria e morrer de arrependimento, o passarinho volta-se para o seu Bem‑amado Sol, expõe as asitas molhadas aos seus raios benfazejos, geme como a andorinha e, no seu doce cantar, confia, conta em pormenor as suas infidelidades, pensando, no seu temerário abandono, conseguir assim maior influência e atrair mais plenamente o amor d’Aquele que não veio chamar os justos mas os pecadores… Se o Astro Adorado continuar surdo ao chilrear plangente da sua criaturinha, se permanecer velado…, pois bem: a criaturinha continua molhada, aceita ficar transida de frio, e ainda se alegra com esse sofrimento que, aliás, mereceu…
Ó Jesus! como o teu passarinho está contente por ser débil e pequeno. Que seria dele se fosse grande?… Nunca teria a audácia de aparecer na tua presença, de dormitar diante de Ti… Sim, aí está mais uma fraqueza do passarinho: quando quer fixar o Divino Sol, e as nuvens o impedem de ver um único raio, contra sua vontade os seus olhitos fecham-se, a sua cabecinha esconde-se debaixo da asita, e a pobre criaturinha adormece, julgando fixar ainda o seu Astro Querido. Ao acordar, não fica desolado, o seu coraçãozinho fica em paz, e recomeça o seu ofício de amor. Invoca os Anjos e os Santos que se elevam como Águias em direcção ao Fogo devorador, objecto do seu desejo.
E as Águias, compadecendo-se do seu irmãozinho, protegem-no, defendem-no, e põem em fuga os abutres que o queriam devorar. Os abutres, imagem do demónio, o passarinho não os teme, pois não está destinado a ser presa deles, mas da Águia que contempla no centro do Sol do Amor.
Por tanto tempo quanto quiseres, ó meu Bem-amado, o teu passarinho ficará sem forças e sem asas; permanecerá sempre com os olhos fixos em Ti. Quer ser fascinado pelo teu divino olhar, quer tornar‑se a presa do teu Amor… Um dia, assim o espero, Águia adorada, virás buscar o teu passarinho e, subindo com ele para o Fogo do Amor, mergulhá‑lo‑ás eternamente no ardente Abismo desse Amor, ao qual se ofereceu como vítima…
(História de uma Alma, Ms B 5rº-vº)
A Oração levanta o Mundo
Um sábio disse:
«Dai-me uma alavanca, um ponto de apoio, e levantarei o mundo». O que Arquimedes não pôde obter, porque o seu pedido não se dirigia a Deus, e por não ser feito senão sob o ponto de vista material, os Santos obtiveram-no em toda a plenitude: o Todo-poderoso deu-lhes, como ponto de apoio: Ele mesmo e Ele só; e como alavanca: a oração, que abrasa com fogo de amor. E foi assim que levantaram o mundo; é assim que os santos que ainda militam na terra o levantam, e que, até ao fim do mundo, os futuros santos o levantarão também.
(História de uma Alma, Ms C 36rº-vº)
Lançar Flores
Sim, meu Bem-amado!
Assim se consumirá a minha vida… Não tenho outro meio de Te provar o meu amor, senão o de lançar flores, isto é, não deixar escapar nenhum pequeno sacrifício, nenhum olhar, nenhuma palavra; aproveitar todas as mais pequenas coisas e fazê-las por amor… Quero sofrer por amor e gozar por amor. Assim lançarei flores diante do teu trono. Não encontrarei nenhuma sem a desfolhar para Ti…
(História de uma Alma, Ms B 4rº-vº)
O Fogo do Amor
Celina, Deus não me pede já nada…
No princípio pedia-me uma infinidade de coisas. Pensei durante algum tempo, visto que Jesus não me pedia nada, que agora era preciso caminhar suavemente na paz e no amor fazendo somente o que Ele me pedisse… Mas tive uma luz. Santa Teresa diz que é preciso alimentar o amor. A lenha não se encontra ao nosso alcance quando estamos nas trevas, na aridez, mas não estaremos ao menos obrigadas a lançar nele algumas palhinhas? Jesus é suficientemente poderoso para conservar sozinho o fogo, todavia fica contente por nos ver alimentá-lo, é uma delicadeza que Lhe agrada e então lança Ele no fogo muita lenha, nós não o vemos mas sentimos a força do calor do amor. Tenho feito disto a experiência, quando não sinto nada, quando sou incapaz de rezar, ou de praticar a virtude, é então o momento de procurar pequenas ocasiões, nadas que dão gosto, mais gosto a Jesus do que o império do mundo ou mesmo do que o martírio sofrido generosamente, por exemplo, um sorriso, uma palavra amável quando teria vontade de não dizer nada ou de mostrar um ar aborrecido, etc., etc.
(Carta 143)
O Divino Prisioneiro
Como ter medo d’Aquele que Se deixa prender por um cabelo que esvoaça no nosso pescoço!…
Saibamos pois conservar prisioneiro este Deus que Se faz mendigo do nosso amor. Ao dizer-nos que um só cabelo pode realizar este prodígio, mostra-nos que as mais pequenas acções feitas por amor são as que Lhe cativam o coração…
Ah! se fosse preciso fazer grandes coisas, quanto seríamos para lastimar?… Mas como somos felizes visto que Jesus se deixa prender pelas mais pequeninas…
(Carta 191)
Amor, a chave da vocação
Considerando o corpo místico da Igreja, não me tinha reconhecido em nenhum dos membros descritos por S. Paulo; ou melhor, queria reconhecer-me em todos… A caridade deu‑me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja tinha um corpo composto de diversos membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe faltava: compreendi que a Igreja tinha um coração, e que esse coração estava ardendo de amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja; que se o Amor se apagasse, os apóstolos já não anunciariam o Evangelho, os mártires recusar-se-iam a derramar o seu sangue… Compreendi que o Amor encerra todas as Vocações, que o Amor é tudo, que abarca todos os tempos e todos os lugares… numa palavra, que é Eterno!…
(História de uma Alma, Ms B 3vº)
Ato de oferenda ao amor misericordioso
Ó meu Deus! Trindade Bem-aventurada! Desejo amar-Vos e fazer‑Vos amar, trabalhar pela glorificação da Santa Igreja, salvando as almas que estão na terra, e libertando as que estão no Purgatório. Desejo cumprir plenamente a vossa vontade, e chegar ao grau de glória que me preparastes no vosso Reino; numa palavra, desejo ser santa. Mas conheço a minha impotência, e peço-Vos, ó meu Deus, que sejais Vós mesmo a minha Santidade.
Já que Vós me amastes  até me dardes o vosso Filho único para ser o meu Salvador e o meu Esposo, os tesouros infinitos dos seus méritos são meus: ofereço-Vo-los com alegria, suplicando-Vos que não olheis para mim senão através da Face de Jesus e no seu Coração ardente de Amor.
Ofereço-Vos também todos os méritos dos Santos (que estão no Céu e na terra), os seus actos de Amor, e os dos Santos Anjos. Finalmente, ofereço-Vos, ó Bem-aventurada Trindade, o Amor e os méritos da Santíssima Virgem, minha querida Mãe: é a ela que entrego o meu oferecimento, pedindo-lhe que Vo-lo apresente.
O seu divino Filho, meu Esposo Bem-amado, nos dias da sua vida mortal, disse-nos: «Tudo o que pedirdes ao meu Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá!». Tenho, portanto, a certeza de que atendereis os meus desejos.
Bem sei, ó meu Deus, quanto mais quereis dar, mais fazeis desejar. Sinto no meu coração desejos imensos, e é com confiança que Vos peço que venhais tomar posse da minha alma. Ah! não posso receber a Sagrada Comunhão tantas vezes quantas desejo, mas, Senhor, não sois Todo-poderoso?… Ficai em mim, como no Sacrário. Nunca Vos afasteis da vossa hostiazinha…
Quereria consolar-Vos da ingratidão dos maus, e suplico-Vos que me tireis a liberdade de Vos desagradar. Se, por fraqueza, cair algumas vezes, que logo o vosso divino olhar purifique a minha alma, consumindo todas as minhas imperfeições, como o fogo, que transforma em si próprio todas as coisas…
Agradeço-Vos, ó meu Deus, por todas as graças que me concedestes,  especialmente por me terdes feito passar pelo crisol do sofrimento. Será com alegria que Vos contemplarei no último dia, levando o ceptro da Cruz. Já que Vos dignastes dar-me em herança esta Cruz tão preciosa, espero parecer-me convosco no Céu, e ver brilhar no meu corpo glorificado os sagrados estigmas da vossa Paixão… Depois do exílio da terra, espero ir gozar de Vós na Pátria, mas não quero acumular méritos para o Céu, quero trabalhar só por vosso Amor, com o único fim de Vos agradar, de consolar o vosso Coração Sagrado, e de salvar almas que Vos amarão eternamente.
Na noite desta vida, aparecerei diante de Vós com as mãos vazias, pois não Vos peço, Senhor, que conteis as minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas aos vossos olhos. Quero, portanto, revestir-me com a vossa própria Justiça, e receber do vosso Amor a posse eterna de Vós mesmo. Não quero outro Trono, nem outra Coroa, senão Vós, ó meu Bem-amado!…
Aos vossos olhos, o tempo não é nada: um só dia é como mil anos; podeis, portanto, num instante, preparar-me para aparecer diante de Vós…
A fim de viver num acto de perfeito Amor, ofereço-me como vítima de holocausto ao vosso amor misericordioso, suplicando-Vos que me consumais sem cessar, deixando transbordar para a minha alma as ondas de ternura infinita que estão encerradas em Vós, e que assim eu me torne Mártir do vosso Amor, ó meu Deus!…
Que este Martírio, depois de me ter preparado para aparecer diante de Vós, me faça, enfim, morrer, e que a minha alma se lance, sem demora, no eterno abraço do vosso Amor misericordioso…
Quero, ó meu Bem-amado, a cada palpitação do meu coração, renovar-Vos este oferecimento um número infinito de vezes, até ao momento em que, desvanecidas as sombras, possa reafirmar-Vos o meu Amor num face-a-face eterno!…
A caridade perfeita
Ah! compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas, em edificar-se com os mais pequenos actos de virtude que se lhes vir praticar; mas compreendi, sobretudo, que a caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração: «Ninguém, disse Jesus, acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-a sobre o candelabro para alumiar todos os que estão em casa». Creio que essa luz representa a caridade, que deve iluminar e alegrar, não só os que são mais queridos, mas todos aqueles que estão em casa, sem exceptuar ninguém.
(História de uma Alma, Ms C 12rº)
A Rainha do Céu
Sabemos muito bem que a Santíssima Virgem é a Rainha do Céu e da terra, mas ela é mais mãe do que rainha, e não se deve dizer, por causa dos seus privilégios, que ela eclipsa a glória dos santos todos, como o sol, ao surgir, faz desaparecer as estrelas. Meu Deus! que estranho! Uma Mãe que faz desaparecer a glória dos filhos! Eu, por mim, penso absolutamente o contrário; acredito que ela engrandecerá muito o esplendor dos eleitos.
Está certo falar dos seus privilégios, mas não se deve dizer apenas isso e se, num sermão, somos obrigados do princípio ao fim, a exclamar Ah! Ah!, já chega! Quem sabe se alguma alma não irá sentir até um certo afastamento em relação a uma criatura de tal maneira superior, e não pensará: «Se é assim, mais vale ir brilhar conforme se puder em qualquer outro cantinho!»
O que a Santíssima Virgem tem a mais do que nós, é que não podia pecar, estava isenta do pecado original; mas, por outro lado, teve muito menos sorte do que nós, porque não teve uma Santíssima Virgem para amar. É uma doce consolação a mais para nós, e a menos para ela!
(Últimos Conselhos, 21.VIII.3)
A Justiça de DEUS
Sei que é preciso ser muito puro para aparecer diante de Deus de toda a Santidade, mas também sei que o Senhor é infinitamente justo e esta justiça que assusta tantas almas é a razão da minha alegria e confiança. Ser justo, não é somente exercer a severidade para castigar os culpados, é também reconhecer as intenções rectas e recompensar a virtude. Espero tanto da justiça de Deus como da sua misericórdia. É porque é justo que «Ele é compassivo e cheio de doçura, lento para a ira e cheio de misericórdia. Porque conhece a nossa fragilidade, lembra-Se de que não somos senão barro. Como um pai sente ternura pelos filhos, assim o Senhor tem compaixão de nós» […]
Aqui tendes, meu Irmão, o que penso sobre a justiça de Deus, o meu caminho é todo de confiança e de amor, não compreendo as almas que têm medo de um Amigo tão terno. Às vezes quando leio certos tratados espirituais em que a perfeição é apresentada através de inúmeras dificuldades, rodeada por uma quantidade de ilusões, a minha pobre inteligência cansa-se muito depressa, fecho o sábio livro que me quebra a cabeça e me seca o coração e pego na Sagrada Escritura. Então tudo me parece luminoso, uma só palavra revela à minha alma horizontes infinitos, a perfeição parece-me fácil, vejo que basta reconhecer o próprio nada e abandonar-se como uma criança nos braços de Deus.
Deixando às almas grandes, às grandes inteligências, os belos livros que não posso compreender, e ainda menos pôr em prática, regozijo-me por ser pequenina visto que só as crianças e os que se assemelharem a elas serão admitidas ao banquete celestial. Sinto-me muito feliz por haver várias moradas no reino de Deus, porque se houvesse apenas aquela cuja descrição e caminho me parecem incompreensíveis, não poderia lá entrar.
(Carta 226, de 9.V.1897, ao P. Roulland)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

O que os Papas disseram sobre Santa Teresinha





SÃO PIO X                                                              
«S. Teresinha é a maior santa dos tempos modernos!»
                                                                                             
BENTO XV
«Desejamos que o segredo da santidade da Irmã Teresa do Menino Jesus não fique escondido para nenhum dos nossos filhos». (1921)

PIO XI
«Desde o escondido da clausura, Teresa fascina hoje o mundo sob a magia do seu exemplo; exemplo de santidade que todo o mundo pode e deve seguir, pois todo o mundo deve entrar pelo ‘pequeno caminho’, caminho de simplicidade de ouro que nada tem de infantil senão o nome. Neste ‘caminho da infância espiritual’ a ‘pequena Teresa’ é hoje a ‘Grande Santa Teresa’. (1925)

CARDEAL PACELLI
FUTURO PIO XII
«Teresa é a mais ilustre taumaturga dos tempos modernos.»
(23 de Março de 1938)

ANGELO GIUSEPPE RONCALLI,
PAPA JOÃO XXIII
«Jamais cessarei de louvar e exaltar a Pequena Grande Santa que foi verdadeiramente, e assim a considero, a estrela propícia da minha missão em França. Está-se bem junto ao seu altar, na capela que lhe foi dedicada em Ankara , no centro da Turquia. Foi ali que me despedi do Oriente onde passei vinte anos do meu ministério apostólico. Cada dia eu olhava a sua imagem de mármore que se encontrava na Nunciatura na minha capela privada. Mas há mais, e melhor: a minha oração eleva-se para o seu espírito a quem confio as minhas dificuldades e os esforços do meu ministério de reconciliação e de paz que essa é a minha missão ao serviço da Santa Igreja e também da França.


PAULO VI
«Deveis saber que fui baptizado em 1897, no dia em que morria em França a mais tarde conhecida como Santa Teresinha do Menino Jesus. Nos apontamentos privados que Teresa escreveu antes da sua morte há um que diz o seguinte: «Depois de morrer eu gostaria de ter em cima do meu leito pequenos meninos baptizados.»
Durante a sua peregrinação a Roma, Teresa encontrou-se com muitos sacerdotes medíocres. Porém, em lugar de os criticar decide não os ficar a ver de longe, mas desde o amor. Por isso vou ler-lhes o que ela escreveu na História duma Alma, referindo-se a este facto: «compreendi que o Amor encerra todas as vocações, que era tudo, que abraçava todas as épocas e todos os lugares. Então, exclamei: ‘encontrei o meu lugar na Igreja. Eu serei o Amor.’»
[Segundo Jean Guitton que relatou este fato, Paulo VI não leu o texto em francês, mas na versão latina que tinha escrita no seu breviário]

ALBINO LUCIANI,
FUTURO JOÃO PAULO I
«Querida pequena Teresa! Eu tinha 17 anos quando li a tua biografia. Isso produziu em mim o efeito dum trovão. Tu intitulás-te-a como ‘história primaveril duma florzinha branca’; a tua biografia pareceu-me como a história duma barra de aço que — pela decisão e valentia que mostrava — expressava força de vontade. A partir do momento em que tu escolheste o caminho da consagração total a Deus nada poderia suster-te: nem a doença, nem as oposições do mundo exterior, nem as turbulências nem a obscuridade interior.»

JOÃO PAULO II
«A santa padroeira das missões é da vossa terra. Desde Lisieux, S. Teresa do Menino Jesus e da Santa Face fez resplandecer no mundo o seu ardor missionário. O seu ensinamento espiritual, cheio de luminosa simplicidade, continua a animar os fiéis de todas as condições sociais e culturais. É justo que lhe peçamos ajuda para os católicos de França afim de que sigam o seu caminho de santidade desenvolvendo a solidariedade com os sues irmãos da Europa, de África e de outros lugares do mundo e repartir a graça recebida de Cristo, nosso Salvador.» (1992)

sexta-feira, 7 de abril de 2017

As 4 Grandes Lições de Santa Teresinha


A HUMILDADE
Ficar pequeno é reconhecer o próprio nada, tudo esperar de Deus, não se afligir com as faltas, porque as criancinhas, se caem muitas vezes, por serem pequeninas, pouco se machucam.
Faço como as crianças que não sabem ler: digo a Deus simplesmente o que desejo dizer-lhe, sem palavras bonitas, e ele me compreende.
Ocupemos o último lugar. Ninguém brigará convosco por causa dele.
A santidade não consiste nesta ou naquela prática, é mais uma disposição do coração que nos faz humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes de nossa fragilidade, e confiantes, até a ousadia, em sua bondade de Pai.
Com os pequeninos, ele [demônio] não pode…
A CONFIANÇA
Nunca é demais a confiança no bom Deus, tão poderoso e tão misericordioso.
Como é grande o poder da oração! Poderíamos compará-la a uma rainha, que tem sempre entrada franca junto do rei e consegue tudo o que pede.
Jesus não exige grandes obras, apenas confiança e gratidão.
Nossa confiança é combatida obstinadamente pelo Inferno, porque ela é a vida, a salvação. À obstinação de Satã, operemos a obstinação de nossa confiança. E seremos salvos.
O que em minha alma agrada ao bom Deus é ver o amor que tenho à minha pequenez e à minha pobreza, é a minha esperança cega em sua misericórdia.
Nós que corremos na vida do amor, não devemos pensar no que há de acontecer de doloroso no futuro; seria faltar à confiança… é como meter-se a criar.
O ABANDONO
Eu sou a bolinha do menino Jesus, que Ele faça de mim o que quiser. Brinque à vontade com sua bolinha. Se me quiser atirar a um canto abandonada, serei feliz, contanto que Ele o queira.
Não me amedronta Ter que sofrer por Vós! Escolho tudo o que Vós quereis!
Às vezes custa à nossa fraqueza dar a Nosso Senhor aquilo que Ele pede. E, porque custa, é meritório e precioso o nosso sacrifício.
Que importa o sucesso? O que Deus nos pede é não nos determos diante do cansaço da luta.
Experimentamos grande paz em sermos absolutamente pobres, em contar só com Deus.
O AMOR A JESUS
O Senhor não precisa de nossas obras, e sim do nosso amor.
O sofrimento unido ao amor é a única coisa que me parece desejável neste vale de lágrimas.
Não creiais que possa amar sem sofrer muito. Quando se sofre devidamente, o amor aumenta.
Apenas me levanto, penso logo nas contrariedades e trabalhos que me esperam e fico cheia de alegria e de coragem, meditando nas venturosas ocasiões que terei de dar provas do meu amor a Jesus.
Amemos a Jesus a ponto de sofrermos tudo o que Ele quiser, mesmo a aridez e frieza aparentes. É sublime o amor a Jesus sem os gozos da doçura desse amor. É um martírio!…Pois bem, morramos mártires!
Amar aos pés da cruz é mais belo e heroico do que amar nos esplendores do Tabor. É ali que se prova o verdadeiro amor.
É pura verdade tudo quanto escrevi sobre os meus desejos de sofrer muito pelo bom Deus! Ah! Não me arrependo, não, de me Ter oferecido como vítima de Amor!

domingo, 2 de abril de 2017

Ladainha de Santa Teresinha




Ladainha de Santa Teresinha


Senhor, tende piedade de nós
Cristo, tende piedade de nós
Senhor, tende piedade de nós
 
Pai do Céu que sois Deus, tende piedade de nós
Filho, Redentor do mundo que sois Deus
Espírito Santo que sois Deus
Santíssima Trindade que sois um só Deus
 
Santa Maria, rogai por nós
Santa Mãe de Deus
Rainha e Formosura do Carmo
Todos os Santos Anjos
São José
S. Elias, profeta
S. Alberto de Jerusalém
Nossa mãe, Santa Teresa de Jesus
Nosso pai, São João da Cruz
 
S. Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, rogai por nós
S. Teresinha, enlevo do Pai do Céu
S. Teresinha, identificada com Cristo
S. Teresinha, abrasado no amor do Espírito Santo
S. Teresinha, curada pelo sorriso de Maria
S. Teresinha, pérola do Carmo
S. Teresinha, amor no coração da Igreja
S. Teresinha, S. Teresinha, dom de Deus ao mundo
S. Teresinha, brinquedo do Menino Jesus
S. Teresinha, apaixonada pela face de Jesus
S. Teresinha, santificada no sangue de Jesus
S. Teresinha, que «escolheu tudo» o que Jesus queria
S. Teresinha, sorriso de Deus nesta terra
S. Teresinha, rosa desfolhada aos pés do Divino Mestre
S. Teresinha, entregue ao Amor Misericordioso
S. Teresinha, filha admirável de S. Teresa de Jesus
S. Teresinha, filha e discípula de S. João da Cruz
S. Teresinha, de mãos vazias diante de Deus
S. Teresinha, que nada recusou a Deus
S. Teresinha, inflamada pelo amor da Eucaristia
S. Teresinha, irmã e amiga dos sacerdotes
S. Teresinha, sentada à mesa dos pecadores
S. Teresinha, devorada pela sede de salvação dos irmãos
S. Teresinha, doutora da Igreja
S. Teresinha, modelo de juventude
S. Teresinha, nossa irmã e intercessora
 
Todos os Santos e Santas do Carmo
Todos os Santos e Santas do Carmo
 
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Senhor

Oremos
Ó Deus Todo-poderoso e eterno, que abris as portas do Vosso Reino aos pequeninos e aos humildes. Concedei-nos a graça de seguirmos os passos da nossa irmã S. Teresa do Menino Jesus e da Santa Face pelo caminho pequenino da confiança que ela nos assinalou e pelo qual ele nos deseja conduzir. E assim, pela sua oração e pela sua sabedoria alcançaremos a revelação da Vossa glória. Por Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

sábado, 17 de setembro de 2016

O primeiro milagre de Santa Teresinha reconhecido pelo Vaticano

   

   O primeiro milagre de Santa Teresinha reconhecido pelo Vaticano foi no dia 11 de fevereiro de 1906. Um Decreto Pontifício, promulgado solenemente, na presença de Sua Santidade, o Papa Pio XI, na Sala do Consistório, declarava a autenticidade da cura milagrosa do seminarista Charles Anne, vítima de tuberculose aguda; cura atribuída à intercessão da Irmã Teresa do Menino Jesus. Este milagre teria um grande peso para a canonização da futura santa.

   Seminarista da diocese de Bayeux e Lisieux, Charles Anne foi acometido, em 1905 por fortes hemoptises. Devido ao receio de ser forçado a interromper seus estudos. Contudo, após um ano, no dia 24 de agosto de 2006, prostrado pela febre, consultou-se com o Dr. La Néele, de Lisieux, que avaliou sua situação como gravíssima.

   Poucos dias depois, a enfermidade, que chegava ao seu último estágio, mostrou-se fulminante: febres intensas, faltas de ar, expectoração abundante. Tratava-se mesmo de uma tísica galopante. No dia 10 de setembro, frequentes hemorragias agravaram o quadro da doença.

   Exatamente neste dia ele terminava uma novena a Nossa Senhora de Lourdes, na qual acrescentara uma súplica à Irmã Teresa do Menino Jesus, cuja relíquia trazia consigo. Então, conta o jovem curado, a lembrança de Teresa me veio ao coração, a frase que marcou sua grande alma me encheu de confiança indescritível: “Passarei o meu céu fazendo o bem sobre a terra”.

  A partir daí, o jovem começou uma segunda novena, dirigida exclusivamente à Santa, no dia 02 de setembro, com a promessa, com a promessa de publicar a graça recebida, se ela me curasse.

  No dia seguinte, subitamente a febre baixou. O médico deu por terminado o tratamento. Não havia o menor sinal de cavidades pulmonares, a falta de ar também terminara, voltando assim o apetite. Foi uma cura total, “absolutamente extraordinária e cientificamente inexplicável”.

   Santa Teresinha do Menino Jesus, fiel à sua missão apostólica, dava mais um padre à Igreja. Pe. Charles Anne se dispôs a testemunhar no Processo de Beatificação e ofereceu uma de suas primeiras missas para suplicar a agilização do mesmo processo.

   Desde então, sua saúde, cada vez mais robusta, permitiu-lhe exercer, de forma incansável, operoso Ministério como Pároco, e, mais tarde, como capelão do Hospital Geral de Lisieux.