À medida que caminhava o temor
gradualmente ia ficando para trás, mesmo que em meio àquela caminhada o menino
também observava formas estranhas e sinistras ao seu redor. Esses contornos
medonhos insistiam em distraí-lo, em tirá-lo de seu rumo — Não vá meu rapaz, lá
não existe nada para você! — É uma perda de tempo! — Concluia a estranha
figura.
Indiferente às tentativas de convencê-lo a
mudar de ideia, Marcos, continuava em frente, a passos firmes. Quanto mais se
aproximava daquela luz, maior era sua alegria. Receios e inseguranças cediam
espaços a uma coragem repentina e surpreendente.
Embora a dor em seu braço persistisse,
sentimentos de bem-estar passavam a reinar em sua consciência, por todo o
corpo. A sensação era de que nada e ninguém o impediria de chegar até a
claridade.
Diante da determinação do garoto, as figuras
horrendas o insultam duramente. Provocações variadas tinham como alvo roubar a
admiração daquele jovem pela luminosidade tão magnífica, tão sublime.
— Deixe de ser teimoso seu maldito, o que
você quer encontrar nessa luz? — Não há nada de especial te esperando! —
Arrematou o ser sinistro.
Desta maneira, os xingamentos prosseguiam
numa verdadeira saraivada vinda de todos os lados. Não demorou muito para que os insultos se transformassem em acusações de todos os tipos.
Com o aumento das agressões, os seres, cheios de ódio, tornavam-se ainda mais macabros e monstruosos. Além disso, a persistência de Marcos
acirrava a irritação das criaturas ao limite, a ponto delas ficarem com os olhos tão avermelhados como se
fossem pares de labaredas de fogo.
Quando o clarão estava bem perto, um desses
seres disse ao rapaz:
— Ainda vou te pegar um dia!
Marcos o fitou sem se intimidar diante da ameaça. Em seguida, fechou os olhos num momento de introspecção, permanecendo
nesse estado por alguns segundos. Ao retornar da breve meditação todos aqueles
seres maléficos haviam desaparecido. Agora o que tinha à sua frente era o
brilho esplendoroso que o envolvia em um todo perfeito.
Chegando ao local, o jovem atravessa
lentamente o fulgor intenso. Aos poucos, o ambiente se convertia em uma
brancura inimaginável, transmitindo uma paz profunda e consoladora. Associado a isso, o garoto
experimenta uma força que o percorria da cabeça aos pés, assemelhando-se a uma
corrente elétrica a qual, fazia-o estremecer por completo.
Inteiramente extasiado, Marcos não cabia em si de tanta felicidade, mal podia crer no que estava ocorrendo. Enquanto permanecia mergulhado no êxtase ele avista uma jovem mulher vindo em sua direção, conforme ela se aproximava, mais o local se modificava. Um mundo de belezas indescritíveis se vislumbra aos seus olhos.
Algum tempo depois, finalmente a moça se pôs à frente de Marcos e disse:
— Venha meu jovem, contemplarás maravilhas! — Ele por um instante hesitou! — Vendo sua hesitação a jovem mansamente e com um sorriso no rosto afirmou: — Não tenhas medo, nenhum mal o atingirá neste lugar!
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